quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

Bando de Dois, de Danilo Beyruth

Há muito tempo as HQs deixaram de ser consideradas um subgênero artístico e leitura de criança. A arte hoje ganhou espaço e pode ser encontrada não só nas bancas de jornal, mas também nas livrarias e bibliotecas, ampliando ainda mais seu alcance.  Que bom. Ganhamos todos por podermos partilhar de boas e criativas histórias, enriquecendo nosso dia a dia, alcançando novos horizontes e alimentando de boas sacadas nossa imaginação.
 
 
No Dia do Quadrinho Nacional, comemorado neste 30 de janeiro, vale a pena deixar a correria de lado para saborear uma dessas histórias em quadrinhos. O Brasil está repleto de bons e talentosos quadrinistas que valem a pena serem conhecidos, lidos e apreciados. Um bom exemplo é Danilo Beyruth, ilustrador e quadrinista paulista, que atua também no mercado publicitário e criador do bem-sucedido Necronauta, um herói com a missão de transportar a alma dos mortos.
 
Em 2010, Beyruth produziu – escreveu e desenhou – sua primeira graphic novel: Bando de Dois, a história de Tinhoso e Caveira de Boi, os últimos sobreviventes de um grupo de 20 cangaceiros, publicada pela editora Zarabatana. É um bem traçado e humorado mix de western italiano com o cangaço brasileiro. Uma delícia.
 
Com traços bem delineados e marcantes, ora ocupando toda a página, ora diminuindo para detalhes, num preto e branco lindíssimo, com recursos de sequências cinematográficas de tirar o fôlego, a HQ nos transporta para as paisagens áridas do nordeste brasileiro, com seus animais característicos e casinhas de pau a pique. E nos leva por uma história de vingança, para acompanhar a saga de Tinhoso e Caveira de Boi (bandidois), remanescentes de um grupo de cangaceiros liderados por Otônho, que foi dizimado pelo Tenente Honório.
 
Na tragédia, o grupo teve suas cabeças decepadas e acomodadas em caixas para serem transportadas à capital, onde deverão ser expostas como troféus. Seguindo o rastro do Tenente Honório, Tinhoso e Otônho decidem vingar os companheiros mortos e evitar que a exibição aconteça. Preparam, assim, uma grande emboscada.
 
É certo que para criar a HQ, Beyruth fez um longa pesquisa sobre Lampião e os cangaceiros do sertão brasileiro. As referências estão ali, sobretudo nos rostos dos personagens, cujas expressões são bastante reais e efetivamente nacionais.
 
É uma leitura rápida, mas extremamente prazerosa, além de uma boa pedida para esse Dia do Quadrinho Nacional.

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