sexta-feira, 18 de outubro de 2013

Vinícius – poeta, compositor, cozinheiro

Vinícius de Moraes, o poeta, poetinha, é um caso singular na literatura e na música. Acredito que não há quem não conheça, pelo menos um ou outro poema ou canção de sua autoria, que não tenha sido  embalado pelas rimas e ironias de suas letras, que não tenha suspirado pelas suas declarações de amor infinitas – pelo menos enquanto durarem –  que também não tenha ciência da sua importância e de seu lugar na literatura e na música brasileira.
 
Pois é. Mas o que pouca gente sabe – e eu me incluo nesse rol – é que Vinícius de Moraes, além de grande poeta e compositor de mão cheia também fosse um bom garfo e um amante incondicional da arte de cozinhar. Mas pelo menos essa paixão pode agora ser descoberta com o lançamento de Pois sou um bom cozinheiro – Receitas, histórias e sabores da vida de Vinícius de Moraes, livro lançado pela Companhia das Letras como parte das comemorações do centenário de nascimento do poeta, em 19 de outubro.
A obra, que já se tornou objeto do meu desejo, foi concebida por Luciana de Moraes, filha de Vinícius, falecida em 2011. O projeto teve sequência com sua companheira, Edith Gonçalves, com a colaboração da produtora gastronômica Daniela Narciso e da família do poeta.
Elas fizeram um trabalho de garimpagem pela vida de Vinícius, sobretudo na sua infância, fase em que os sabores da casa materna ficaram cravados na memória e na imaginação do poeta. Mas não só. Junto a eles, também textos, poemas, letras de canções, correspondências, depoimentos de familiares e amigos, muitos parceiros da música como Toquinho, foram utilizados para traçar a vida de Vinícius por meio de receitas culinárias.
Dividido em três partes, o livro foi prefaciado pela irmã mais nova de Vinícius, Laetita Cruz de Moraes Vasconcellos, a tia “Leta”, hoje com 97 anos. Cada parte traz receitas das diversas fases da vida do poeta, como a infância no Rio de Janeiro, as cozinhas que frequentou e os bares e restaurantes da preferência. Tudo recheado com fotos, trechos de poemas, depoimentos, causos e curiosidades, além das receitas, como a do “franguinho na cerveja”, executadas pelo próprio Vinícius.
Já no final do livro, no último capítulo, um deleite: chefs como Alex Atala transformam poemas célebres de Vinícius em receitas de verdade. “Delicinhas”, como diria o poetinha pra fazer e saborear. Humm, deu até água na boca.
E um viva a Vinícius de Moraes – poeta, compositor, cozinheiro...

Um comentário:

  1. Um amigo lembrou bem que no poema "Para viver um grande amor", Vinícius já mostrava essa faceta de cozinheiro no trecho:

    "Conta ponto saber fazer coisinhas: ovos mexidos, camarões, sopinhas, molhos, strogonoffs — comidinhas para depois do amor. E o que há de melhor que ir pra cozinha e preparar com amor uma galinha com uma rica e gostosa farofinha, para o seu grande amor?".

    Boa lembrança.

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