segunda-feira, 8 de outubro de 2012

Firmina Dalva e seus amigos


Segundo o dito popular, o cachorro é o melhor amigo do homem. Afinal, eles são companheiros, afetuosos e leais. Na literatura, no entanto, outro bicho costuma ser companhia constante dos escritores, tradutores e jornalistas: os gatos, cuja característica solitária combina com a necessária solidão para pensar, escrever, traduzir e ler.

Não é à toa que escritores famosos como Aldous Huxley, Julio Cortazar, Jorge Luis Borges, Charles Bukowski, Neil Gaiman e Stephen King, entre outros, tivessem - ou têm - em seus refúgios literários a companhia de um gato. Afinal, sua presença mansa é propícia para aflorar ideias.
 
A jornalista Érika Freire, especialista em Jornalismo Literário, é uma dessas pessoas, também, que amam o mundo dos felinos. Sua gatinha, Firmina Dalva, sempre foi uma boa companheira de leitura e de escritos, tanto que no final de 2010 a jornalista teve a ideia de escrever um livro colocando-a como personagem principal de um livro infantil. A princípio uma brincadeira, que acabou ganhando contornos maiores com o passar do tempo.
– Optei por começar contando sobre como ela chegou até aqui, em casa. E esse, digamos, é um dos poucos acontecimentos verdadeiros dentro do livro. Depois eu fui imaginando coisas, inventando personagens e a história foi tomando seu rumo – confessa Érika.
Surgiu assim o projeto “As aventuras de Firmina Dalva e seus amigos", primeiro livro infantil da jornalista, que já escreveu contos e crônicas publicados em coletâneas, como Cronicidades, Vidas e Momento do autor. O livro conta com desenhos de Nice Lopes, ilustradora, artista plástica e publicitária, que tem ilustrações publicadas na revista Claudia, da Editora Abril, no jornal nova-iorquino The Wall Street Journal e em dois grandes livros de ilustração: Illustration Now!2 e Illustration Now Portraits, ambos da Editora Taschen. Já desenhou estampas para grife infanto-juvenil Bicho Comeu e ilustrou o livro A nuvem vermelha, da escritora santista Mô Amorim, publicado pela Editora Adonis.
 
As aventuras de Firmina Dalva e seus amigos é um livro que fala sobre amizade e será lançado oficialmente neste  12 de outubro, Dia da Criança, a partir das 15 horas, no Fórum da Cidadania e Cultura de Santos (Avenida Ana Costa, nº 340, em Santos/SP).
Acompanhe abaixo a entrevista que Érika concedeu ao blog. Aqui ela fala sobre o processo de criação, a história do livro, suas expectativas e trabalhos já publicados.
Este é seu primeiro livro infantil, uma ficção que traz personagens reais, no caso a gatinha Firmina Dalva, o cachorro Afonso da raça Dachshund, que era um cão que você teve, e o canário Zezinho. Conte um pouco sobre o enredo.
É uma história que fala principalmente sobre amizade. A personagem principal, a gatinha Firmina Dalva, é encontrada perdida em uma bica por um garotinho que decide levá-la para casa. Lá, ela conhece mais dois amigos: Zezinho, um canário amarelinho e o cachorro Afonso Tadeu. Rapidamente eles se tornam grandes amigos e passam a dividir muitos momentos juntos.
A turma fica completa com os outros animais de estimação dos vizinhos que vivem na mesma rua que eles: os cachorros Luck, Leão e Maradona, o gato Borracha e também um esquilo chamado Serafim.
Eu quis brincar com essa coisa de que na “vida real” é difícil um gato se entender com um passarinho, e que um cachorro seja cortês com um gato. Na minha história isso é possível, sim!
A Firmina tem um papel mais corajoso dentro do livro, é ela quem quer se aventurar, pois é curiosa e deseja descobrir o mundo, digamos assim. Já o Afonso Tadeu só pensa em comer e é meio medroso. A aventura começa quando o Afonso some misteriosamente e, aí, todos eles se movem para encontrá-lo.  
 
Com quais recursos você contou para publicar o livro. Teve algum patrocínio?
Uma amiga que trabalha com projetos culturais me incentivou a inscrever e remeter o livro ao ProAc - Programa de Ação Cultural da Secretaria de Cultura do Estado de São Paulo (ProAC-ICMS). Passaram-se alguns meses até sair o resultado positivo. Fiquei muito feliz.
Além do ProAC, contamos com o apoio da Usiminas, que se interessou em patrocinar o projeto e também do Instituto Artefato Cultural, de Santos, na parte de realização.
Tivemos a ideia também de distribuir alguns exemplares para escolas e bibliotecas públicas da região da Baixada Santista, e faremos também contações de histórias em algumas escolas. 
Como foi o processo de escrita até a publicação do livro?
Comecei a escrever e lembro que fluiu bem inicialmente. Depois deixei de lado um pouco e fiquei algum tempo sem “mexer” no texto. Quando decidi voltar a escrever, não sabia muito qual caminho seguir. Era meio angustiante, como todo processo de escrita é. Lembro que durante uma tarde decidi ir para a biblioteca pública de Santos, peguei alguns livros infantis e fiquei lendo, pesquisando, observando alguns caminhos.
Aos poucos fui me dedicando mais e consegui finalizar a primeira versão. Quando terminei o livro, guardei e assim ficou por um bom tempo.
Finalizada a primeira versão do livro, eu nem pensava em ProAc, nada disso. Mas depois que ele se tornou uma realidade para mim, notei que tinha a obrigação de melhorar o texto, “mexer” na história. Nossa, eu mudei muita coisa até chegar à versão definitiva.
Você já publicou contos em coletâneas. Fale um pouco sobre isso.
Costumava escrever alguns textos apenas para o meu blog, alguns eu nem publicava, deixava guardado. Aí em 2009 eu pensei que era o momento de me arriscar um pouco e comecei a participar de alguns concursos. Não ganhei nenhum (rs) e desisti por um tempo.
Tentei novamente em 2011, ano em que ganhei o primeiro. Tive dois textos selecionados para a coletânea “Vidas”, da editora Digitexto. Fiquei bastante animada e tentei outros concursos. Tive mais dois textos selecionados para o livro “Cronicidades” e participei também da 8ª edição do livro “Momento do Autor”, que é um projeto literário realizado pela Secretaria de Cultura de Santos. E em breve será publicada mais uma coletânea com vários autores, também da Digitexto, e estarei lá. 
 
Depois da publicação do seu primeiro livro infantil você pretende continuar se aventurando por esse caminho?
Se eu tiver uma ideia que considere boa e divertida, eu escreverei sim. Mas esse nunca foi o meu foco. Aconteceu naturalmente, graças à Firmina Dalva. 
 
 
Para conhecer outros textos da Érika Freire acesse o blog www.narrativasedivagacoes.blogspot.com
Para conhecer outros trabalhos da Nice Lopes acesse o blog http://www.nicelopes.blogspot.com.br

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