quinta-feira, 14 de abril de 2011

Livros no metrô

Toda vez que entro no metrô paulistano, e isso faço com frequência já que é o meio de transporte que me leva de casa para ao trabalho e vice-versa, sempre me vem à mente as histórias e os personagens dos livros que leio nos vagões do trens ou nas plataformas das estações. Esses flashes são constantes, não tem jeito. Isso quando não leio e passo o trajeto todo viajando pelas páginas de algum romance.

Mas, vez por outra, essa rotina é quebrada quando decido ficar observando as pessoas que se acomodam sentadas ou ficam em pé nos corredores dos trens, quase sempre acompanhadas de algum livro que as entretém. Aí a imaginação corre solta, e fico a tentando decifrar qual é a leitura que estão fazendo.

Foi mais ou menos isso que aconteceu hoje, pela manhã, quando quase em frente ao banco onde eu me encontrava, vi uma moça sentada com um livro aberto em suas mãos. Mas, mais do que o interesse pelo livro que ela estava lendo eu voltei minha atenção para a capa que envolvia o exemplar. Era um porta-livros, daqueles feitos de tecido, todo florido em tom azul, com uma pequena alça para carregar como se fosse uma bolsa. É, esse mesmo, que eu venho procurando há tempos para também acomodar os livros que leio no transporte coletivo.

Era magnífico! E passei a apreciá-lo, até que minha atenção voltou-se para o toque do celular da mesma moça que estava observando. E aí eu pirei: era o tema dos filmes de Harry Potter! Sou maluca por toques de celular, vivo em busca deles e, esse então, me encantou, com a mesma magia que as histórias do bruxinho me enfeitiçaram há cinco anos. Logo me vieram à cabeça três perguntas que gostaria de fazer àquela moça:

1) Onde você comprou esse porta-livros?

2) Que livro você está lendo?

3) Esse toque do celular é do Harry Potter?

Mas o vagão estava cheio e seria estranho fazer uma abordagem dessa. Enfim, cheguei na Sé e pensei que se ela descesse ali, quem sabe..., mas ela ficou e eu já estava atrasada para o trabalho, tive de ir para a pegar a outra linha, e a história acabou ali.

Ao chegar na plataforma, vislumbrei, como sempre, uma daquelas máquinas de vendas automáticas de livros, da 24X7 Cultural, que já conheço de cor e salteado os títulos que contém, embora sejam trocados de tempos em tempos. Ali havia três pessoas em frente, falando e comentando sobre os livros e resolvi me juntar a elas, ignorando a hora já adiantada.

Uma delas falava sobre o livro Iracema, de José de Alencar, e explicava à outra o teor da história. Ao lado delas, havia uma senhora, que prestava bastante atenção, tentando assim decidir qual livro levar. Por fim as outras duas foram embora e a senhorinha ficou ali, ainda indecisa, foi quando resolvi ajudá-la tanto na escolha quanto na aquisição do livro.

Foi tão prazeroso esse momento que até parecia ser eu quem estava comprando os livros. Pois é, ela adquiriu logo dois: Helena, de Machado de Assis, para ela mesma, conforme me falou, e Iracema, para a neta de 16 anos. Depois me agradeceu e ambas seguimos cada qual para o seu caminho.

Já no trem, decidi ler um pouco, mas antes fiquei alguns minutos pensando no que passou e na facilidade dessas máquinas, que vendem livros a preços acessíveis, de forma prática e atraente para os passageiros em trânsito.

As máquinas de vendas automáticas de livros da 24X7 Cultural foram uma ideia do empresário Fábio Bueno Netto, que em 2001 decidiu comercializar livros a preço baixo em equipamentos semelhantes às de refrigerantes e salgadinhos. Entre materialização da ideia e negociação com o metrô foram dois anos, e a primeira máquina foi instalada na estação São Joaquim.

O contrato era para ser por apenas seis meses, mas acabou sendo prorrogado consecutivamente, até que as máquinas foram ganhando novos espaços em outras estações do metrô. Hoje são dez máquinas na Estação Sé, duas na Barra Funda e uma no Anhangabaú, Brás, Consolação, Trianon e Brigadeiro. Há ainda duas em outros estados: no Shopping Avenida, em Maringá (PR) e outra na Estação Carioca do metrô no Rio de Janeiro.

Os preços dos livros? Entre R$ 2,00 e 19,90. Uma forma simples, barata e acessível de incentivar o hábito da leitura.

3 comentários:

  1. Oi, Cecilia
    Obrigada pelo comentario la no meu blog; li o texto que sugeriu e gostei muito..obrigada.
    Acho muito legal essa ideia de vender livros em maquinas, bem que poderiam implantar essa ideia aqui...bjs

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  2. Olá Cecilia, acabei de conhecê-la no blog da Adriana. e tive logo curiosidade de conhecer seu cantinho.Muito prazer, rs,rs,rs.
    Mas sabe que eu também sou louca por um porta-livros. Já tive um azul de florzinha todo acolchoado, tinha junto um marcador de páginas e tinha um acabamento perfeito, era muito lindo!
    De tanto usar e lavar rasgou-se e eu o perdi.
    Ma vivo de olho a procura de um outro, mas ;e muito difícil de encontrar. O bom deles é que protege mesmo os livros.
    Adorei seu blog.
    Beijos

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  3. Máquinas de vendas automáticas de livros? Cecília, querida, você vive mesmo no primeiro mundo, não é à toa que eu amo São Paulo. Que invejinha....

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